7 de novembro de 2017

Uns dias no fresquinho

Hoje finalmente posso vir dar as boas notícias. Tenho os embriõezinhos já congelados, foram esta tarde. Os que foram colhidos no dia da punção evoluíram bem. Não são muitos, acho que já tinha comentado isso aqui no blog, mas são os necessários. Até se fosse só um já era uma vitória. Finalmente, depois de uns dias de ansiedade para ver no que isto resultava, temos uma sensação de esperança renovada e mais forte.

Já é mais um passinho em frente nesta caminhada. Agora tenho de me focar em mim e na preparação do meu endométrio. O médico mandou-me fazer ioga e disse que umas sessões de acupunctura também ajudavam. 

Ioga, já pratiquei, e já falei com o instrutor a explicar a minha situação e a dizer que vou voltar. Assim ele pode escolher esquemas que sejam mais adaptados a mim e à minha situação actual (sim, ele faz isso, mesmo que uma pessoa tenha de fazer posturas ligeiramente diferentes de todos os outros alunos, por isso gosto tanto das aulas com ele). 

Acupunctura, também já tinha pensado nisso. Andei há uns tempos atrás a fazer tratamentos para outros problemas, e sempre ajudou imenso. Por isso também estou tentada a, pelo menos, perceber o que pode ser feito.

Não tenho muito mais para partilhar hoje. Estou a aguardar a próxima consulta para perceber exactamente o que se vai passar daqui para a frente. Comecei já o Provera, para dar início a um novo ciclo, por isso já estamos a começar uma nova fase desta caminhada.

Quando houver mais novidades, ou quando quiser simplesmente escrever sobre algo relacionado, venho aqui actualizar-vos.

5 de novembro de 2017

Dia 2

Ontem fiz a punção. Às 9h lá estavámos, eu e o S., ele sempre calmo, e eu com os nervos em franja. Nunca tinha feito qualquer cirurgia, não sabia como é que iria reagir à anestesia, nunca tinha feito aquele procedimento. Li algumas coisas, falei com pessoas que já fizeram punção, e vi vídeos do que acontece no procedimento, mas estarmos nós na sala de bloco operatório é sempre diferente.

Depois de responder às perguntas da enfermeira, vesti a bata de bloco e a touca, e lá entrei na sala, ainda mais nervosa. Quando já estava deitada, começo a ouvir o que se passa à minha volta, sem falar muito com eles. A certa altura, já com o propofol (sedação) a correr, eu penso para mim "Isto não está a resultar, não estou a adormecer. Vou contar até 10 para ver se ajuda". Lembro-me de ter contado até 3, e depois disso só me lembro de os ouvir chamar por mim, já eu estava no recobro. A parte chata foi o primeiro levante, em que eu, como enfermeira que sou fui contra tudo o que sei, e me levantei um bocadinho depressa demais e vi tudo andar à roda. Depois de estar sentada no cadeirão, comi umas bolachas e bebi um chá, que me souberam pela vida!

Pronto, simples assim. Nada do bicho de sete cabeças que às vezes fazemos disto (como eu fiz). O obstetra ainda foi falar comigo, mas eu estava meio para o outro lado, e falou com o S. Hoje e amanhã será feito contacto para ver como os embriõezinhos se estão a desenvolver. Depois disso, serão congelados até Dezembro. Não foram muitos os que maturaram, por isso espero que se consigam congelar todos.

Acho que o pior disto tudo foi a fome. Eu gosto de comer. Não me bastava o jejum de pré-operatório, como, durante o resto do dia, tive de ingerir maioritariamente líquidos e coisas mais ligeiras. Quis comer uma sandes ao jantar, e fiquei com náuseas. Comia a sopa ou bebia água mais rapidamente, ficava nauseada. Mas acredito que isto nada tem a ver com a punção/anestesia em si, mas sim com os comprimidos de cabergolina que estou a tomar. Tomei ontem, e tomo hoje, e, como o médico tinha dito, tem efeitos secundários estranhos, como tonturas, sensação de mau-estar geral, inchaço abdominal.

Hoje começo já a Provera, para provocar a menstruação. Era só para iniciar terça, mas ele ontem disse para começar já. Assim, pelo menos, o meu endométrio também começa a ser preparado mais rapidamente. Acredito que todos os dias contem para a preparação para a nidação quando for a altura da TEC.

Para já é tudo. Desejem-se sorte, para ter boas notícias em relação aos embriõezinhos que estão neste momento já a ser preparado, e que este mês passe rápido!

2 de novembro de 2017

Contagem decrescente: punção (colheita)

Hoje vim da consulta com um sentimento de dualidade... Vou contar primeiro o que se passou, e depois explico o que sinto.

Os meus ovários estão bem, e continuam com lindos folículos, que cresceram bem. Portanto, luz verde para a punção de colheita de oócitos, que está já agendada para sábado, às 09h30. Até aqui eu já dava pulinhos de alegria.

O problema agora é o endométrio. Com a hiperestimulação dos ovários provocada pela medicação, o endométrio também acabou por ficar hiperestimulado, não sendo, neste momento, um meio ideal para a nidação dos bebés. Com isto fiquei triste, como devem calcular, apesar de, em parte, já estar à espera, visto que ele me tinha alertado para tal na última consulta. Os embriões serão congelados, para ficarem prontinhos para mim. Entre domingo e terça, todos os dias, vão estar em contacto comigo para eu ir sabendo a evolução dos pequeninos (quantos fecundaram, em que fase estão, quando são congelados, etc.).

Por isso o plano é o seguinte: vou fazer a punção no sábado, e durante 2 a 3 dias (portanto, até segunda) vou ficar mais sossegadinha, porque inclusive vou ficar com dores (afinal, é um procedimento invasivo). De sábado até segunda, inclusive, vou tomar um comprimido de cabergolina por dia. Não fiquei a perceber muito bem a razão específica, sou sincera, porque fiquei com a cabeça a andar a mil à hora. Pelo que percebi esta medicação (muito usada inibição da lactação; desta parte eu sabia por ter estudado na faculdade), é também usada em situações como amenorreia e anovulação, sendo utilizada por vezes em situações de infertilidade.

Portanto, durante 3 dias tomo um comprimido destes, que acho que dá um mau-estar horrível, incluindo tonturas, e outros que tais, sendo por isso mesmo recomendado que eu fique o mais quietinha possível.

Depois, na terça, começo novamente com o esquema de Provera que fiz no início deste mês, ou seja, dois comprimidos por dia, durante 10 dias. A menstruação irá aparecer poucos dias depois de terminar o esquema, e antes disso vou a uma consulta, para ver como isto está a correr. Isto deve ser lá para dia 18 a 20 de Novembro.

Por último, faço uns dias de medicação específica para a preparação do endométrio, que eu não sei qual é, e dia 4 de Dezembro posso partir para a transferência dos embriõezinhos! Ele ainda me perguntou se eu queria esperar por Janeiro, visto que há pessoas que preferem esperar pelo novo ano, mas eu disse logo "não, não, se não houver problema, é já em Dezembro!". Como não há diferença, é só mesmo uma questão de preferência e organização dos papás, estou a apontar mesmo para essa data, entre 4 e 5 de Dezembro.

Pronto, foi isto que se passou. Saí de lá feliz porque está tudo a correr como ele esperava, mas claro que mantive a esperança de fazer já o procedimento todo este mês até ele me dizer que não, por isso metade de mim ficou triste.

Claro que ter datas definidas é uma mais valia, porque mostra que ele sabe o que faz e que sabe os efeitos que a medicação têm. A verdade é que tudo tem acontecido como ele tem dito. Se ele me dissesse "depois vemos como corre" eu ficava desolada. Mas eu sei que ele tem muita experiências, já foi ele que fez o "meu" parto quando nasci, e sei de várias situações de sucesso seguidas por ele, e por isso confio totalmente.

Quando contei ao S. acho que ele ficou com o mesmo sentimento que eu... Mais um mês à espera, mas pronto, que seja pelo melhor. Não vamos ter pressa, nestas situações não vale mesmo a pena.

Sexta-feira não devo escrever. Assim que me sentir confortável após a punção de sábado, conto-vos as novidades.

Pensamento positivo

Hoje vou a nova consulta, e, se tudo correr como até agora, sábado estamos a fazer a colheita. Estou ansiosa, não pelos ovários, que costumam ser o principal problema, mas desta vez pelo endométrio.

Estou ansiosa porque ainda tenho um bocadinho de esperança que o médico me diga que afinal o endométrio está preparado, e não tenho de esperar pelo próximo ciclo para passar à transferência. Sim, eu sei, não é assim tanto tempo e parece que passa num instante. Mas não eram boas notícias?

Claro que prefiro esperar mais umas semanas para ter uma gravidez de sucesso à primeira. Para isto, confio no meu médico, que anda a tomar todos os cuidados para que tudo corra como deve ser, com todos os cuidados que se devem ter nestas situações, indo a cada pormenor. Conheço histórias de mulheres que fizeram FIV sem preparação do endométrio, e não correu bem, e eu sei que este tem um papel fundamental, por isso aquilo que posso fazer é desejar é que ele esteja óptimo, e se não estiver, cumprir a medicação que depois me será dada para o tornar propício aos meus bebés.

Infelizmente, quase nada nesta vida me foi dado de mão beijada. Sempre tive que sofrer um bocadinho, crescer um bocadinho, começar a ver as coisas com outros olhos, e aí sim, as coisas começam a correr como eu quero, e parece que tudo o que está para trás não teve importância a não ser para me fazer crescer. E às vezes é mesmo assim, porque a ansiedade é tramada. O que eu peço é que o caminho difícil tenha sido este, até agora. Que a partir de agora as coisas continuem a encaminhar, e quer seja agora ou daqui a umas semanas, eu consiga engravidar à primeira tentativa com a FIV, e que a gravidez seja tranquila, que os bebés fiquem bem e nada de mal aconteça nem a mim nem a eles.

Entre esta noite e amanhã de manhã, venho dar notícias.

31 de outubro de 2017

Mais um passinho em frente

Como disse, ontem fui à consulta. Saí de lá animada, embora nem tudo seja 100% boas notícias, também não posso dizer que hajam más notícias propriamente ditas. 

Estou um pouco cansada, é só isso.. cansada porque há pouco mais de um anos atrás, supostamente estava tudo bem com a ecografia endovaginal, que não revelava quaisquer alterações nos ovários. Eu não menstruava, mas se estava tudo bem, fiquei calma. Depois disso, fiz vários testes de gravidez... três, para ser mais precisa... Afinal, quando falha a menstruação, é possível que a mulher esteja grávida, certo?

Em Janeiro, cansada da situação, resolvi procurar outro medico. Ele não precisou  se muito para saber o que se passava, bastou praticamente estar atento aos sintomas que eu descrevia, e depois confirmou com ecografia. Em Janeiro descobri que, afinal, tenho ovários poliquísticos. 

Pronto, não era o fim do mundo. Fiz 4 meses de Diane 35 para regular os ciclos e "limpar" os ovários. Esta pílula é uma bomba... Sofri alterações de humor, ao ponto de haver dias em que não me reconhecia no meio daquela constante montanha-russa...num momento estava muito bem, e de repente dava por mim a gritar irritada por coisas de nada, mas segundos mais tarde chorava como se não houvesse amanhã; o meu corpo sofreu alterações também visíveis, como pernas pesadas e cansadas (às vezes custava-me mesmo andar), ganho de peso, cefaleias intensas... Mas pronto, era tudo para ficar bem, para dali a pouco tempo conseguir ter o meu feijãozinho na barriga. 

Fiz 3 tratamentos hormonais, e nada. A cada testes negativo eu venho cada vez mais ao fundo. Não há mesmo muito que se possa dizer a uma mulher que passa por isto, um abraço e deixar chorar até ter deitado tudo cá para fora é mesmo o melhor remédio para mim. 

No mês passado resolvemos fazer a histerossalpingografia, porque o tratamento não resultava, e os ovários estavam bem. Pensei que fosse por causa da ansiedade, dos turnos rotativos, dos esforços, mas afinal não, tenho ambas as trompas obstruídas. Com isto, resta-me a FIV. Nesse dia saí com a sensação de que de cada vez que dava um passo para a frente, passado pouco tempo voltava a andar para trás.

Sim, saí hoje com boas notícias. Não tenho muito folículos (5 ou 6 em cada ovário), mas estão todos do mesmo tamanho, o que significa que estão a maturar ao mesmo tempo e estarão prontos para a colheita na mesma fase, e assim posso colher todos, sem deixar "morrer" nenhum porque maturou numa fase diferente dos outros. 

Sim, em princípio sábado (hoje é terça) é dia para a colheita. Está tudo a correr bem e depressa. Mas o endométrio está a sofrer com esta hiperestimulação... Não sabemos se estará preparado, e se não estiver, congelam-se os embriões para eu ter tempo de fazer mais medicação, desta vez para o endométrio (já fiz uma vez), e só depois se procede à transferência. 

Ok, já não falta tudo. Está tudo a correr bem, dentro das dificuldades todas que tive, e não é por mais uns dias que vou desesperar. Mas estou cansada deste processo todo, que começou por ser "nada", para o que é agora.

Tenho tanto a agradecer às pessoas que me têm apoiado. Ontem depois da consulta o meu telemóvel encheu-se de mensagens e telefonemas para saber como tinha corrido. É nestas alturas que vemos quem se preocupa connosco, e graças a Deus que eu tenho tido muita gente a dar-me força. Eu também não sou uma pessoa muito fácil, e por vezes é difícil deixar "entrar" alguém nos meus sentimentos e emoções, porque eu ajo como se estivesse tudo bem mesmo quando não está, não estico o assunto mesmo quando me fazem perguntas, e não é por não querer ou não precisar de falar.

Espero que dê resultado à primeira... espero isto com todo o meu ser, para começar uma nova etapa há tanto desejada.

De resto, aquilo que peço é, do fundo do coração: esteja já pronta para a transferência da FIV para a semana, ou tendo de esperar mais um bocadinho, só quero duas coisas, do fundo do coração: ter uma gravidez sem problemas, e também que o meu bebé (ou bebés) seja saudável. O resto... O resto vou aguentando.

30 de outubro de 2017

É hoje...

Acordei cedinho para as análises, e à tarde tenho a consulta. Ao final da tarde ou amanhã escrevo o que se passou. Não posso deixar de estar ansiosa e na expectativa.

Desejam-me sorte, para que esteja tudo a correr bem.

28 de outubro de 2017

Uma semana já está

Ontem foi o último dia da menstruação. Tenho-vos a dizer que esta semana foi complicada, porque todos os dias eu tinha muitas dores menstruais, como referi no post anterior. Hoje sinto-me melhor, mas já não sei se é da minha cabeça, de vez em quando continuo a sentir desconforto abdominal.

Estou desejando que chegue segunda-feira, para dar mais um passo em frente para a FIV. Já passei a fase de andar a pesquisar como é que se faz vezes e vezes sem conta. Já li muitos testemunhos de mulheres que também fizeram ou vão fazer FIV. Agora quero relaxar um bocadinho, e não pensar muito nisto. Acho que li tanta coisa que começou a aumentar a minha ansiedade. É bom sabermos os vários cenários possíveis para estarmos o mais preparados possível para o que pode acontecer, mas cheguei a um ponto em que se leio de mais histórias sem sucesso, sinto lágrimas nos olhos. Por isso, vou aproveitar o fim-de-semana para namorar muito e descansar a minha cabeça de tudo o que fui apreendendo ao longo destes dias. Confio muito no meu médico, e acho que isso é extremamente importante. Tenho um bocadinho de medo da sedação para a recolha, mas vou confiar que tudo vai correr bem. Afinal, eles sabem o que estão ali a fazer.

Agora que tenho menos dores, também vou andar mais animada, espero eu. Já me sinto com mais força para começar uma vida mais normal aqui em casa. Ontem, que as dores já estavam mais controladas, fiz o jantar (uma massada de carne picada, com ervilhas e tomate aos cubos) e ainda uma mousse de chocolate para sobremesa. Aprendi uma coisa sobre mim ao longo dos anos: se estou a cozinhar, é porque estou feliz. Adoro cozinhar, e até considero terapêutico.

Bem, por agora é tudo. Segunda-feira trago mais novidades.